terça-feira, 31 de julho de 2012

Eduardo e Mônica.


Quem um dia irá dizer que existe razão nas coisas feitas pelo coração? E quem irá dizer que não existe razão? Eduardo abriu os olhos, mas não quis se levantar, ficou deitado e viu que horas eram, enquanto Mônica tomava um conhaque, no outro canto da cidade, como eles disseram. Eduardo e Mônica um dia se encontraram sem querer, e conversaram muito mesmo pra tentar se conhecer. Um carinha do cursinho do Eduardo que disse: “Tem uma festa legal, e a gente quer se divertir”. Festa estranha, com gente esquisita. “Eu não tô legal, não agüento mais birita” E a Mônica riu, e quis saber um pouco mais sobre o boyzinho que tentava impressionar. E o Eduardo, meio tonto, só pensava em ir pra casa “É quase duas, eu vou me ferrar” Eduardo e Mônica trocaram telefone. Depois telefonaram e decidiram se encontrar. O Eduardo sugeriu uma lanchonete, mas a Mônica queria ver o filme do Godard. Se encontraram então no parque da cidade, a Mônica de moto e o Eduardo de “camelo”. O Eduardo achou estranho, e melhor não comentar mas a menina tinha tinta no cabelo. Eduardo e Mônica eram nada parecidos. Ela era de Leão e ele tinha dezesseis. Ela fazia Medicina e falava alemão, e ele ainda nas aulinhas de inglês. Ela gostava do Bandeira e do Bauhaus, Van Gogh e dos Mutantes, de Caetano e de Rimbaud. E o Eduardo gostava de novela e jogava futebol-de-botão com seu avô. Ela falava coisas sobre o Planalto Central, Também magia e meditação. E o Eduardo ainda tava no esquema escola, cinema, clube, televisão. E mesmo com tudo diferente, veio mesmo, de repente uma vontade de se ver, e os dois se encontravam todo dia e a vontade crescia, como tinha de ser. Eduardo e Mônica fizeram natação, fotografia, teatro, artesanato, e foram viajar, a Mônica explicava pro Eduardo coisas sobre o céu, a terra, a água e o ar. Ele aprendeu a beber, deixou o cabelo crescer. E decidiu trabalhar (não!). E ela se formou no mesmo mês que ele passou no vestibular. E os dois comemoraram juntos e também brigaram juntos, muitas vezes depois. E todo mundo diz que ele completa ela e vice-versa, que nem feijão com arroz. Construíram uma casa há uns dois anos atrás. Mais ou menos quando os gêmeos vieram. Batalharam grana, seguraram legal, a barra mais pesada que tiveram. Eduardo e Mônica voltaram pra Brasília. E a nossa amizade dá saudade no verão. Só que nessas férias, não vão viajar, porque o filhinho do Eduardo tá de recuperação. E quem um dia irá dizer que existe razão nas coisas feitas pelo coração? E quem irá dizer que não existe razão?

— Legião Urbana, Eduardo e Mônica.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Agora eu queria um colo.

Agora eu queria um colo. Queria alguém mexendo em meus cabelos enquanto deixo as minhas lágrimas escorrerem. Alguém que ao invés de pedir que eu não chore, peça o contrário. Alguém que me escute atentamente sem me interromper. Que não fique com pena, mas me cuide. Alguém que não aponte meus erros, nem jogue na minha cara que avisou que daria errado. Alguém que passe a noite acordado comigo se preciso. Que me beije na testa e me faça carinho. Alguém que esteja comigo quando eu acordar depois de ter cochilado sem querer. Alguém que cante para me acalmar e que faça algumas palhaçadas pra me fazer sorrir. Que não se vá como os outros. Alguém que simplesmente se importe.