terça-feira, 28 de agosto de 2012

Ela foi beijada por um Anjo, o seu anjo.


Às vezes os olhos dele encontram os meus e ele está tão próximo que tenho medo de ver tudo que guardo tão bem dentro de mim. Aquela máscara de força que esconde coisas demais, mas que esse olhar insiste em tentar destruir. Eu não costumo gostar de quem toma as mesmas atitudes que eu. Mas, de alguma forma estranha e instantânea, eu gostava dele. De como ele me tratava. De como eu me sentia perto dele. E se ficar perto dele implicava perder minhas palavras, acho que o produto valia o preço. Acho que qualquer coisa que eu perdesse, mesmo que só por instante, valia o preço.



Engraçado como tudo ao meu redor parecia me acusar. Talvez porque eu realmente merecesse. Fui à cozinha e abri a geladeira, fiquei ali alguns instantes e fechei de novo. Eu gostava do ar gelado em meu rosto antes de enfrentar tudo que eu precisava.
Caminhei preguiçosamente até o meu quarto onde estava meu celular. Eu estava com uma mania proposital de esquecê-lo em cima da cama todos os dias. De não mais carregá-lo. Quando o peguei na mão, olhei sua foto, era a imagem de fundo do meu celular, fiquei ali olhando seu sorriso por longos segundos, e se eu desse um piscar de olhos as lagrimas iriam cair. Naquele momento eu senti um imenso vazio, um desespero silencioso que queria sair de mim em forma de grito. Eu queria que ele fosse plenamente meu, eu queria tocar seus lábios e sentir seus braços ao meu redor sem que meus pensamentos me torturassem por isso.
Levantei dali, esfregando os olhos pra disfarçar as lagrimas inúteis que eu havia deixado cair. Sentei-me na cama,  fui ler um livro que haviam me emprestado sabia que a historia contada me encantaria e me distrairia. Mais naquele momento eu não conseguia me concentrar em outra coisa e a última memória que perambulava em mim é de estar olhando para minhas mãos, mordendo a parte inferior dos meus lábios, e ouvindo-o contar de como seu dia com os amigos tinha sido bom.
Enquanto ele contava aquilo com diversão. Havia um silêncio no ar. Um ciúme que me tomava por inteira, e um milhão de coisas que eu não queria saber.  Porque, no fundo, eu sabia que estava o perdendo. Pra sempre.
 Mas, enquanto isso, eu fingia me perder naquela diversão destrutiva e ridícula, simplesmente porque o caminho que parecia ser o da perdição me levava pro único lugar do mundo em que as coisas finalmente pareciam certas: o de estar perto dele.
 Sabia que a angustia que me tomava por inteira era simplesmente por saber que eu não iria vê - lo durante um bom tempo.
Então fui tentar dormir com o som da voz  dele soando no fundo da minha mente. E com a certeza de que ele iria continuar a trazer alegria para os meus dias, mas agora ele viria com um sorriso de amigo. E eu? Bom, eu irei continuar sorrindo para ele, com o mesmo sorriso de apaixonada de sempre.

 (09/08/2011)

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