quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Por Débora Tavares



Eu me importo com você. Eu vou mudar meu status para “em um relacionamento sério”, vou te dar as mãos na rua, vou te beijar, abraçar e eventualmente ignorar a TV por você. Vou atender suas ligações quando estiver com meus amigos e vou deixar de vê-los às vezes, por você. Eu também vou reclamar que você reclama demais, fala demais, come demais, exige demais. Vou te chamar de louca, vou querer te arrancar pedaços, vou ameaçar te deixar pra sempre. Vou visitar meus amigos de madrugada, vou sair sem te dizer, vou ignorar tua carência, teus apelos e a maioria das tuas mensagens desesperadas. Vou te colocar em segundo plano, vou viajar, vou beber, vou fumar, vou esquecer de te ligar e de te amar. 

Eu também vou dizer que você é linda, mas te xingar se você engordar meio quilo. Vou dizer que quero te agradar, mas vou colocar dezenas de empecilhos toda vez que você me pedir alguma coisa que me deixe ligeiramente desconfortável. Vou dizer que quero te ver feliz, mas depois o Paulinho vai me ligar com alguma coisa imperdível e você vai ficar pra mais tarde. No outro dia também. Vou dizer que adoraria ver aquele filme com você, mas sempre que você sugerir eu vou achar uma coisa mais interessante para a gente fazer. Eu eventualmente vou te dizer palavras bonitas e vou ser tão sincero e humilde que você vai achar que eu finalmente te compreendi e por um momento seu mundo vai brilhar como nunca, e então no outro dia eu vou esquecer ou negar tudo o que eu disse.

Eu também vou te abraçar como se você fosse o que há de mais precioso no mundo e te beijar como se teu corpo fosse a única coisa que eu realmente preciso. Vou cuidar de você quando você estiver doente, fingir que entendo tua TPM e porque você acha que azul não combina com cor-de-rosa. Vou esquecer de te dar atenção no dia-a-dia e de ter paciência quando você se sente insegura e carente. Vou ir ao jogo depois do trabalho e esquecer de te avisar, vou combinar algo com meus amigos no final de semana e só lembrar de te comunicar uma hora antes de partir. Eu vou esquecer de dizer o quanto te aprecio.

Eu também vou te culpar por não me dar liberdade, por querer liberdade, por ter um cíume doentio, por não aparentar ciúme algum. Vou te fazer brigar com todos os teus amigos do sexo oposto, vou ser insensível quando você tiver algum problema comigo e vou ficar na defensiva e fazer você chorar. Vou esquecer de te dizer o quanto te acho bonita e o quanto te quero, mas vou esperar que você saiba, sinta e nunca duvide disso, sem que eu precise falar uma palavra. Vou te induzir a fazer dietas e exercícios, vou comer guloseimas do seu lado e te olhar com cara feia se você pedir um pedaço.

Eu também vou te deixar bilhetes na geladeira, lembretes no celular e links no teu perfil só pra dizer que lembrei de você. Vou te fazer cócegas mesmo que você implore que eu pare, vou me esforçar pra não dormir e te deixar falando sozinha depois que fizermos sexo. Vou elogiar tua lingerie e tuas pernas, vou reclamar do teu culote, vou atender ligações desimportantes e te interromper enquanto você tenta me contar o teu dia.

Eu vou menosprezar tua companhia, vou reclamar que nos vemos com frequência, vou reclamar se você fizer manha e não quiser me ver. Vou notar se você estiver triste, vou te perguntar a razão e vou tentar te ouvir, mas vou subestimar teus motivos e te deixar insegura. Vou rir quando você se sentir insegura, vou brincar com o seu cabelo e vou te dizer pra esquecer tudo. Vou te apresentar para os meus amigos, vou te fazer gostar de quase tudo que eu gosto, mas vou dizer que você não pode me mudar quando quiser me apresentar algo novo.

Eu também vou reclamar da tua maquiagem, das tuas manias e da tua ansiedade. Vou te pedir para usar aquela saia que te deixa gostosa, vou te pegar no colo até meus braços falharem e nós rirmos juntos. Vou cozinhar para você, mas vou ficar irritado se você não quiser lavar a louça. Vou te deixar deitar no meu colo e vou repousar minha mão sobre a tua barriga, mas vou esquecer de desviar o olhar do celular ou da TV pra prestar atenção em você.

Eu vou rir quando você arrotar na minha frente, quando estiver suja de chocolate e quando fizer voz de criança. Vou te olhar nos olhos e apertar a tua bunda, vou concordar com você quando eu estiver cansado e vou sempre te dizer as piores verdades que você não queria ouvir.

Eu não vou te amar, porque o amor não existe. Não vou prometer ficar com você para sempre, porque uma hora ambos vamos cansar um do outro. Não vou ir além do que sou por você, porque minhas convicções serão sempre mais importantes. Não vou fazer grandes gestos para você entender que eu gosto de você, porque romantismo é frescura e fraqueza. Não vou te colocar em primeiro lugar, porque tenho interesses primordiais que sempre virão antes. Não vou te fazer se sentir especial como você idealiza, porque meu conceito é diferente do seu e eu não quero adaptá-lo.

Mas eu me importo com você. Eu não vou te trair, não vou te mentir muito, não vou me afastar tanto. Talvez um dia a mediocridade te afaste, mas eu vou permanecer salvo na minha ignorância - aquela de quem provavelmente não aprendeu a se importar o suficiente.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Perierat

Perierat (latim; português: perdida) : Erro que se comete em relação a uma estrada a seguir, tomando um itinerário errado.


Há um tempo venho tentando encontrar qualquer coisa que eu venha a sentir a ponto de me expressar em palavras tudo o que sinto. Não sei se foi uma promessa de virada de ano, ou se eu simplesmente me proibi a senti a necessidade de escrever tudo que eu sentia, tudo o que eu vivia, tudo que eu via.
Pra uns pode parecer besteira, mas quem escreve sabe o quanto é importante, o real valor de você pode expressar de alguma forma tudo que você acumula dentro do peito, no meu caso não só no coração, mas acumulo muuuuita coisa na alma. Coitada dela, anda tão sofrida ultimamente.
Ás vezes me pego pensando como sou ainda capaz de caminhar com tanta coisa que carrego. Tantas dores, tantas feridas, tantas derrotas, tanta vontade de desistir.. não me leve a mal, não sou depressiva, mas tenha a certeza de que essas coisas citadas são as que mais pesam. Foram aquela minha velha mania de achar que tenho capacidade de tanto sustentar meu mundo como de todos os outros que amam.
Por mais que seja um prazer meu concerta o mundo dos outros, por mais que eu ache justo eu pegar todas as dores alheias pra mim, por mais que eu ache que ninguém mereça ferida nenhuma.. Sabe ando esquecendo que eu sou humana, que eu tenho um mundo só meu, que por sinal tá uma loucura.
Ando perdida dentro de mim. Alguém que passou por aqui me viu onde me perdi?
Querem saber? Ando tão perdida que a solidão tá mais devastadora que um deserto escaldante. Que proeza a minha, conseguir sentir solidão de si mesma. Acredita que nem chocolate e sorvete andam resolvendo?
Meu Deus, eu com o meu mundo de cabeça pra baixo, com um coração tão pequeno que nem sei se ainda tenho e eu aqui ainda tenho humor. Isso é bom não é? Claro que deve ser bom. E mais claro ainda que não tenho certeza.



Ultimamente não tenho mais certeza de nada. Não sei se confio nas pessoas que amo, não sei se confio em mim mesma. Não faço a menor ideia do que anda realmente acontecendo, se eu to na realidade ou num pesadelo.
Eu simplesmente não ando mais a fim de continuar a viver nessa confusão toda. Resolvi sair do centro do meu mundo e ver ele por fora. Quero concertar tudo, mas não tenho muita noção por onde eu começo. Meu mundo anda sem luz, sem vida. Uma bagunça sem tamanho e ainda tem aquelas pessoas que em vez de ajudar criticam, cobram o seu melhor e ainda acham que se você não fazer o mundo delas e o seu funcionarem perfeitamente você é uma completa inútil. Para as outras pessoas nada que eu faça vai realmente está bom.
Minhas atitudes para elas são vistas como grosseiras, sem simpatia. Sou vista como a preguiçosa, a que não em atitude. Só que o que elas não entendem é que não sou um boneco, não sou fantoche.. onde elas usam, manipulam e fazem ordens. Eu sou, ainda que perdida, movida as minhas vontades, ao meus desejos, as minhas horas.
E sabe como isso é viso né? Não preciso nem repetir.
Como se não bastasse eu me cobra o bastante. Nunca vai ser o bastante né?
Querem saber de um segredo? Mesmo eu sendo tão livre, tão solta, tão liberal, tão verdadeira, tão forte, tão fria e até mesmo calculista, tão direta e tudo mais. Eu sou sensível, eu sou romântica, eu sou menina, sou frágil.. resumindo, sou humana como todo mundo. Isso é tão difícil de ver assim?
Sou sim das mulheres que pela felicidade de quem amo faço um mundo inteiro funcionar se for preciso, mas também sou daquelas mulheres que quando isso não é reconhecido se autodestrói para não amar mais.. Sim, eu sei o risco que isso tem, a consequência que isso tem. Se eu me importo? Vamos ver... não. Pelo simples fato de ter a unica certeza de todas, que por mais que você dê seu sangue por alguém que você ama de mais, quando isso passa a ser visto como se fosse uma obrigação sua de fazer aquilo e não como um sacrifício  então.. porque diabos vou me matar por alguém que me ver assim? E claro que dói, e sim, eu não sei como sobrevive a isso uma vez. Mas sei que sempre que eu precisar sou capaz de fazer.
Porque mesmo de fora do centro do meu mundo, eu consigo ver a mesma coisa que antes. Que minha felicidade só depende de mim, e só eu posso dá limites a mim mesma, só eu posso dizer quando parar e quando não.
E hoje eu resolvi parar. Parar pra pensar em realmente toda essa bagunça que está a minha frente, por onde eu vou começar a arrumar tudo e quais atitudes e decisões drásticas terei que tomar. Mas antes de qualquer coisa alguém já conseguiu me achar por ai? Ou aqui, talvez?

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Aprendi... e da minha vida cuido eu.

Eu pensei que o meu mundo isolado era tão isolado quanto eu pensava. Mas, descobri que existem pessoas tão iguais a mim quanto eu mesma. Eu pensei que não tinha amigos, mas descobri que eu também construía muros ao invés de pontes. Descobri que sonhava com um príncipe encantado num cavalo branco não tão encantado assim, é, eu descobri que eles não existem. Eu pensei que dinheiro fosse me fazer feliz, mas descobri que nas coisas simples é que estão as maiores riquezas. Eu pensei que a vida dava voltas, mas descobri que era eu quem mudaria tudo. Eu pensei que seria importante para alguém, mas descobri que me importar comigo mesma era o que realmente eu necessitava.


Eu descobri que eu tenho que fazer tudo o que em minha opinião é realmente importante, por que se eu não fizer ninguém vai fazer por mim. Eu achava que todo problema que eu tivesse eu poderia me trancar no meu quarto começar a chorar até que os problemas se resolvessem sozinhos, mas eu tive que aprender que eu tenho deveres e o mais importante de todos é me tornar alguém, amadurecer sozinha e resolver as minhas coisas sem precisar de alguém segurando a minha mão. Eu tive que criar alguns limites e metas para que eu um dia possa alcançar o que eu desejo. Aprendi também que será maravilhoso conquistar todos o meus sonhos com alguém ao lado, mas se isso não for possível eu terei que seguir em frente mesmo que fiquem pedaços meus pelo caminho que eu escolher seguir. Aprendi que a minha força de vontade e a minha fonte de energia tem que vir de dentro de mim. Não é que eu tenha me tornado egoísta, mas eu devo confiar no meu potencial, por que se eu não for fortemente confiante ninguém vai ser por mim. Deposito minha confiança e entrego o melhor de mim as pessoas que realmente fazem por merecer, não que eu seja desconfiada, mas sorrisos não podem me comover, por que falsos também sabem sorrir. u. Não conto muito sobre mim pra ninguém, para que ninguém saiba coisas que possam me destruir, minhas maiores fraquezas ficam guardadas comigo.