domingo, 11 de agosto de 2013

"You either have the feeling or you don't..." (Ou você tem o sentimento ou não tem.)


Eu nunca tive um coração partido. Não diretamente. Não que a pessoa responsável soubesse. Reformulando. Eu já tive o coração partido diversas vezes, mas a dor sempre foi só minha. Eu me apaixono pelas pessoas, mas elas não sabem disso. Eu desapaixono e elas continuam sem saber. Elas me desapontam e nem se dão conta. E é assim que eu vou: eu, eu mesma e meu coração partido.

Mas essa sou eu e o meu histórico de frustrações amorosas não interessa aqui. Em Por Isso a Gente Acabou vamos conhecer a história da Min Green e do Ed Slaterton. Ela teve seu coração partido, mas a pessoa responsável soube disso. Não é Ed? Ah, Ed! Como eu gostaria de ter visto a sua reação ao receber a caixa e ler a carta da Min...

"Estou contando porque a gente acabou, Ed. Estou escrevendo, nesta carta, toda a verdade sobre o que aconteceu. E a verdade é que, porra, eu te amei demais." — Página 9

Ed e Min tiveram um relacionamento curto, porém intenso. E quando tudo chega ao fim, a Min resolve devolver todos os objetos que, de certa forma, marcaram o relacionamento dos dois. E junto com os objetos ela manda uma carta, nesta carta ela explica a importância de cada objeto e os motivos que os levaram a terminar.

A narrativa desse livro é contagiante, rápida, descontraída... Perfeita. Min tem um senso de humor incrível e mesmo quando fala sobre coisas não-tão-boas-assim ela não deixa o seu lado cômico de lado. Ela é inteligente, faz piadas cult e sonha ser diretora de cinema — isso faz com que o livro seja repleto de referências a alguns filmes, referências estas que são todas fictícias. O que é uma pena, pois, fiquei com muita vontade de assistir aos filmes citados. A forma como ela descreve o Ed é a maneira que uma típica adolescente apaixonada descreveria, então, fica difícil não achá-lo fofo, querido, amável. Afinal, é assim que ela o vê — ou via. 

Como eles terminaram, é de se esperar que alguma coisa tenha dado errado. Mas o motivo do término só nos é revelado nas últimas páginas. Então, confesso que durante a maior parte do tempo eu torci pra que existisse alguma forma de eles não terminarem. Eu realmente torci por eles. Eu queria que tivesse dado certo. A vontade que eu tinha era de chorar e rir em cada página.

" 'Te vejo segunda!', você gritou, como se tivesse acabado de descobrir os dias da semana. A gente achou que tinha tempo. Eu acenei mas não podia responder, porque finalmente tinha me permitido sorrir tanto quanto eu queria a tarde inteira, a noite inteira, cada segundo de cada minuto com você, Ed. Que merda, acho que eu já te amava. "— Página 72

O livro é cheio de ilustrações, isso torna a leitura ainda mais dinâmica. Os personagens secundários são muito bem construídos e são essenciais para o desenvolvimento da história. Dentre os personagens secundários o Al, melhor amigo da Min e a Joan, irmã do Ed, foram os que mais me cativaram.

"Eu acabaria com qualquer dia, todos os dias, por essas longas noites com você, e foi o que fiz. Mas é por isso que já estava condenado, bem ali. A gente não podia ter só as noites de magia zumbindo pelos fios. A gente tinha que ter os dias, também, os belos e impacientes dias que estragavam tudo com os cronogramas inevitáveis, os horários obrigatórios que não cruzavam, os amigos leais que não se gostavam, os absurdos imperdoáveis rasgados da parede independentemente das promessas feitas depois da meia-noite, e foi por isso que a gente acabou."— Página 94.


Certa vez ouvi a seguinte frase: "até o amor que não compensa é melhor que a solidão". Não lembro quem disse, onde ouvi ou se li por aí... Mas nunca consegui esquecê-la. Há quem concorde, há quem discorde. Eu discordo, sou acostumada a ser sozinha e não acho que vale a pena aguentar alguém só pra ter companhia. Mas o problema é que, na maioria das vezes, não sabemos se vai valer a pena. A gente tem que pagar pra ver, não é Min?

Seja como a Min — não seja como eu! — amem como se não houvesse amanhã, diga eu te amo quando realmente sentirem isso, se permita viver. E se com isso vier um coração partido, sabe o que você faz? Junte tudo que te traz lembranças, coloque numa caixa, escreva uma carta, chame o seu melhor amigo e jogue essa caixa na porta do seu ex. tump! Resolvido. É melhor viver e ter o que se lembrar — lembranças boas e ruins, sim... — do que ficar apenas imaginando como teria sido se você tivesse arriscado. 
                                                   
                                                     Por Isso Que a Gente Acabou - Daniel Handler

PS: Sim! Pra quem ainda não sabe, Daniel Handler é Lemony Snicket, o autor das Desventuras em Série.

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